O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 da Associação Médica Brasileira (CEM COVID_AMB) divulgou ontem, 28 de abril, seu boletim 012/2022 para compartilhar informações sobre a importância da identificação, investigação e tratamento dos portadores da Síndrome de Covid-19 longa.
Em nota, o CEM COVID_AMB diz que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com base nos dados atuais, a terminologia “condições pós-Covid” foi adotada pelo Ministério da Saúde para descrever novas manifestações clínicas, recorrentes ou persistentes presentes após a infecção aguda por SARS-CoV-2. Na literatura, as manifestações clínicas também são descritas como Covid longa, Covid-19 pós-aguda, síndrome pós-Covid, efeitos de longo prazo da Covid, síndrome Covid pós-aguda e Covid crônica. Embora não haja um consenso sobre as definições de caso, as condições pós-Covid podem ser consideradas como manifestações clínicas que implicam em não restabelecimento do estado prévio de saúde do indivíduo após a fase aguda da doença e que não sejam atribuídas a outras causas.
Até 80% dos indivíduos com diagnóstico confirmado de Covid-19 continuam apresentando pelo menos um sintoma duas semanas após a infecção aguda. Entre três e seis meses, mais de 35% dos indivíduos recuperados mantêm pelo menos um sintoma. Importante frisar que alguns sintomas de Covid-19 longa não estão presentes na fase aguda da doença. A síndrome ocorre entre 10% a 30% de indivíduos acometidos pela doença, sendo que geralmente até um terço destes pacientes estavam inicialmente assintomáticos.
Os sintomas estão associados ao comprometimento de diferentes sistemas:
- Respiratório: fadiga, dispneia, tosse e dor de garganta.
- Neurocognitivo e psicológico: “brain fog” (confusão, esquecimento, distração, dificuldade de concentração), tontura, disgeusia, anosmia, transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e insônia.
- Cardiovascular: dor torácica, taquicardia e palpitações.
- Gastrointestinal: diarreia, dor abdominal, vômitos e músculo esquelético.
- Osteoarticular e muscular: mialgias e artralgias.
- Cutâneo: perda de cabelo (eflúvio telógeno) e erupções cutâneas.
No boletim, o Comitê ressalta que, recomenda-se manejo pragmático, com ênfase em suporte abrangente, evitando investigações excessivas. O cuidado integral de um paciente com Síndrome de Covid-19 longa deve abordar:
- Avaliação e manejo de comorbidades descompensadas, como diabetes e hipertensão, DPOC, asma, cardiopatia isquêmica, entre outras.
- Atenção e cuidados gerais de saúde, relativos à alimentação adequada, prevenção e tratamento do tabagismo e uso de álcool, promoção da qualidade do sono.
- Avaliação funcional, envolvendo sintomas musculoesqueléticos, cognitivos, neurológicos e a fadiga.
- Evitar a instalação de novas incapacidades secundárias.
- Estabelecer equipe de saúde treinada para reconhecer e tratar estes sintomas de forma adequada.
- Orientação e acompanhamento para aumento gradual de exercício físico, se tolerado, e retorno às atividades habituais.
- Atenção à saúde mental por meio da escuta com empatia, avaliação e tratamento de problemas, pactuação de metas factíveis, entre outras abordagens.
Confira o boletim na íntegra: https://amb.org.br/cem-covid/boletim-012-2022-cem-covid_amb/